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Stories: Mensagem Vinda dos Céus

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Mensagem Vinda dos Céus 03 Dec 2002



Por Odair Vianna
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Em 1990 fui aprovado num pequeno concurso realizado na escola onde estudava para estagiar no Banco da Amazônia. Nessa época eu morava na cidade de Tucuruí, PA. Tinha dezessete anos e estava terminando o primeiro ano do Ensino Médio.


Tínhamos um gerente, que pouco tempo depois teve que ser transferido para uma outra cidade, sendo indicado então para ocupar o seu lugar o subgerente chamado Irineu. Seu Irineu era um homem alto, negro e um pouco gordo, beirando os trinta e seis anos. Era uma pessoa discreta, um tanto fechado, mas gostava de brincar. Como eu era apenas um estagiário, não mantive tanto contato com ele, uma vez que estava mais próximo dos meus chefes imediatos da minha seção.


Freqüentemente sua esposa e os três filhos visitavam-no no trabalho, e no final do ano seguinte foi realizado o reveillon em sua casa, o que fez com que eu conhecesse melhor a família.


Seu Irineu, então na posição de gerente, passou a enfrentar alguns problemas com negócios do banco. Também era sentida uma certa recusa perante ele por parte de alguns funcionários que almejavam o seu cargo. Ele foi acusado injustamente por alguns atos, o que provocou o seu afastamento do cargo. Passou a ser consumido por alguns problemas de saúde e teve que ficar internado. Logo depois foi desligado do banco, o seu quadro depressivo se agravou, e por fim chegou a falecer.


Ele faleceu no início de 1993 e, nesse mesmo ano, eu me mudei para Goiânia. Aquele fato para mim pareceu um fato comum e acabei esquecendo-o por completo. No ano seguinte filiei-me à Igreja e depois de dois anos fui para a missão.


No mês de abril de 1997 estava na minha primeira área da missão, em Imbiribeira, no Recife. Nessa área, logo nos primeiros dias, tive um sonho com o Seu Irineu. Ele estava sentado numa cadeira de rodas, com o corpo completamente imobilizado. Nesse estado ele tentava pedir-me algo, mas não conseguia falar. Apenas uma vaga expressão em seus olhos transmitia-me um pedido. Mas no seu esforço para tal, eu me afastei ao entrar num ônibus. O ônibus partiu, ficando ele para trás.


Quando acordei não entendi aquele sonho. Foi muito estranho. "O que eu tinha a ver com o Seu Irineu?" Pensei. "Deve ser um sonho corriqueiro, afinal ele não era alguém tão próximo de mim".Mesmo não dando atenção devida, eu acordei com um sentimento diferente, mas o sufoquei.


Na próxima noite sonhei com ele novamente. Estava da mesma cadeira de rodas, mas só que em outro local. No momento em que ele tentou me pedir algo, logo eu tive que sair apressado. Acordei intrigado com aquele repetição do mesmo episódio. Mas pensei ser coincidência. Porém, na próxima noite, mais uma vez o mesmo fato, igual aos anteriores. Só que antes que ele me dissesse algo, acordei no meio do sonho.


Ao despertar pela manhã, aquela cena causou-me uma forte impressão na alma. Eu sentia-me ansioso e já começando a entender do que se tratava as tentativas de Seu Irineu. Aquele sentimento me tomou e fui conduzido a orar para saber qual a vontade do Senhor a tal respeito. O Senhor abriu-me o entendimento e disse-me que Seu Irineu precisava de minha ajuda. Ele sabia que eu era membro da Igreja e a única pessoa que ele conhecia que podia ajudá-lo, embora não tivesse qualquer ligação familiar com ele.


Vi-me diante de uma grande responsabilidade em ajudar aquele grande homem, que teve a misericórdia do Senhor para aparecer a mim em sonhos. Só que também me vi diante de limitações. Naquele momento eu nada poderia fazer, pois ainda teria dois longos anos inteiros pela frente na missão. Além disso, o único contato que tinha era o número do telefone do banco, do qual ele fora funcionário. Mas não me era permitido ligar da missão. E mais sério ainda: como iria abordar tal assunto com sua esposa, explicar um sonho que havia tido e convencê-la de sua realidade?


Passaram-se os dois anos, e então retornei para casa. Lembrei-me do sonho, mas fui constantemente tomado de certa insegurança, especialmente por achar que estava dando atenção demais de um sonho. Mas o sentimento do Espírito me era forte e impulsionava-me a ir em frente. Liguei ao banco e consegui de uma funcionária que me reconheceu o endereço da família de Seu Irineu. Tendo-o em minha posse, resolvi escrever-lhes uma carta. Mas como abordar o assunto? Por onde começar? Tinha medo de falar palavras que chocassem. Então fiz uma oração silenciosa para receber orientação do Senhor. Pedi-Lhe que me desse as palavras certas e a maneira correta de tratar do assunto com a família.


Enquanto escrevia, minha mente foi aberta e senti uma corrente de idéias dominando-me e uma força guiando os meus dedos, que se deslizavam no papel, indiferente ao meu querer. Relatei o sonho e seus detalhes cuidadosamente, e enviei a carta juntamente com o número do meu telefone. Após três dias recebi uma ligação inesperada. Era Dona Fátima, a esposa de Seu Irineu. Fiquei temendo a sua indiferença, mas o meu temor foi substituído por um maravilhoso sentimento de concretização.

Ela ligou-me bastante comovida com a carta e com um sentimento de alegria e grande alívio. Disse-me que havia recebido a carta e que ela havia sido a maior bênção desde que o seu esposo havia falecido. Ela havia trazido uma paz ao seu lar. Toda a família junta leu a carta e durante o relato a sua filha, que não conseguia esquecer o pai, chorou muito. Todos foram envolvidos por um sentimento que não conheciam antes. Um sentimento de amor e alegria que uniu a família mais ainda. Dona Fátima disse-me que o comportamento do filho mais velho com relação a sua irmã havia mudado. Ele disse que não mais iria brigar com a irmã, porque sabia que o pai não desejaria aquilo, mas que eles deveriam ficar unidos como uma família.

Dona Fátima falou-me que durante os seis anos de sua morte eles nunca haviam tido paz. Não conseguiam dormir direito. A filha sempre sentia a presença do pai durante a noite. Ela e os filhos foram abandonados, não receberam um mínimo de assistência do banco, pois seu esposo foi tido como um malfeitor, sendo obrigada a trabalhar para sustentar os três filhos.

O que mais a fez acreditar em minhas palavras é que ela sempre sonhava com seu falecido esposo na cadeira de rodas. Não somente ela, mas uma tia dele também sonhou com ele na cadeira de rodas. Ela disse-me que foi numa cadeira de rodas que ele havia morrido.

Quando ela me disse isso fui tomado por uma alegria indescritível e gloriosa. Vi as ternas misericórdias do Senhor para comigo, para com Seu Irineu e sua família. Naqueles momentos eu estava passando também por uma fase difícil em minha vida. Deus havia preparado tudo para que todos fossem receptivos àquela mensagem vinda dos céus.

Dona Fátima perguntou-me resolutamente o que ela precisava fazer para ajudar o seu esposo. Falei-lhe que necessitava dos seus dados e dos da família. Se fosse possível dos pais dele e de todas as pessoas ligadas à família. Pouco tempo depois ela enviou-me uma grande quantidade de dados, agradecendo-me muito por minha preocupação para com o caso do seu esposo.

Submeti o nome de Irineu ao Templo de São Paulo e realizei todas as ordenanças em seu favor em março de 2000, desde o batismo até, inclusive, o selamento a seus pais. Senti na alma a grande alegria dele ao ver terminado aquele longo tempo de prisão. Ele simplesmente havia esperado cerca de sete anos para se libertar das cadeias que o prendiam.



Goiânia, 18 de outubro de 2002.

Odair José Ferreira Viana Send Email
 

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